Pensando nas 100 maiores aglomerações metropolitanas mundiais, outra característica se agrega à superlatividade de população e área física urbana da grande parte delas: o seu raio global de influência, o que as transforma em "cidades mundiais", para usar a expressão atual. De fato, uma revisão histórica dessas regiões mostra que elas tipificam as grandes eras e civilizações (Susteren, 2005). Estão atreladas, sobretudo, às grandes conquistas na área de comunicações - transporte incluído - que as tornaram, desde a primeira rede das rotas intercontinentais do século XV, verdadeiros hubs globais. Não por acaso, as primeiras grandes cidades mundiais estão nos deltas de rios, nas baías que serviram de portos marítimos, ou seja, à beira dos caminhos, rotas para a comunicação global. Inicialmente, caminhos únicos, velocidade igual, quer seja para o transporte de pessoas, bens ou informação.
Como bem explica Susteren (2005), a partir da invenção do telégrafo, no século XIX, a velocidade tornou-se diversa para o transporte de dados, de um lado, e de pessoas e produtos, de outro, embora estes últimos também tenham sido beneficiados, mais tarde, pela invenção das locomotivas, na Revolução Industrial. A descoberta do telégrafo resultou na criação de um sistema horário global, para facilitar as transações comerciais e foi a base para as novas tecnologias de transmissão de dados que vemos nos dias atuais - as novas redes de telecomunicações (telefone, TV, Internet etc.) e, depois disso, a transmissão via satélites. No início do século XX, especificamente em relação ao transporte, duas outras inovações modificaram profundamente e intensificaram exponencialmente as trocas inter e intra regiões metropolitanas mundiais: o automóvel e o avião. Assim, as cidades que se destacam em termos de população têm, nas relações que formam internamente - dadas as tecnologias disponíveis de comunicação - ou externamente, a sua variável maior de explicação de sua grandeza. As cidades mundiais são, pois, a prova histórica de que elas se formaram e continuam sua existência estratégica por causa de sua imbricada posição nas redes de comunicação.
Uma passagem pela lista das 100 maiores regiões metropolitanas mundiais é o suficiente para relacionar grande parte delas à condição de hubs dos processos de comunicação, transporte e comércio internacional, nas quais a superlatividade populacional é também determinante. Sem aprofundar em dados estatísticos mais sofisticados, é possível afirmar que, por essas supercidades é que circulam as maiores redes de transporte aéreo, marítimo e de telecomunicações do mundo. Estão entre elas os maiores populações, os maiores portos, os maiores aeroportos, os maiores volumes de transporte de passageiros e cargas do mundo. São elas, também, as cidades mais importantes de seus países em relação a atividades políticas, culturais e religiosas. E, por último, mas não menos importante, se forem mapeadas as sedes das maiores companhias internacionais, é certamente nestas regiões onde predominantemente elas estarão.
No entanto, destaca-se, ainda, na relação, a presença significativa de cidades de países populosos, como Índia e China. No total, há grande presença de cidades em que as relações internas dentro de seus países podem ser igualmente ou mais importantes que suas relações globais.
Oito das 39 regiões e aglomerados metropolitanos brasileiros figuram entre as 100 maiores do planeta, em termos de população: São Paulo, a sexta, Rio de Janeiro, a 19ª, Belo Horizonte, a 56ª, Porto Alegre, a 79ª, Recife, a 82ª, Fortaleza, a 85ª, Salvador, a 94ª e Curitiba, a 100ª. Estas regiões metropolitanas comprovam o que se afirmou sobre as cidades mundiais acima, ou seja, estão nesta lista as cidades que desempenham importante papel na rede nacional de comunicação, aí estão ainda as cidades com destaque na política e na cultura do país, e as que exercem os papéis de cidades mundiais, nós de articulação no transporte de pessoas, mercadorias e informações.
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